Carnaval em boa companhia!!

     Eu não uso shorts por três motivos: os velhos já não me cabem há muito tempo, não quero comprar novos por pelo menos 15kgs e mesmo que eu quisesse, ficaria ridícula neles, já que minhas pernas parecem pequenas toras de árvore metralhadas em celulite (há aqui um certo exagero em minha descrição, mas é só para elaborar um ponto de vista).Exatamente por não usar shorts, fui muito enfática no meu posicionamento sobre o carnaval desse ano. “Absolutamente, não farei NADA nesse carnaval.”

     As pessoas devem estar começando a se perguntar da relação entre carnaval e shorts e minha resposta não poderia ser mais simples: toda mulher vai pro carnaval de shortinho e eu não queria ser a gorda sem noção de chegar nos cantos de calça, por exemplo. O problema é que eu adoro o carnaval e a ideia de não sair nenhum dia estava me deixando muito na deprê.

     Por sorte, tenho amigos maravilhosos que não pararam de insistir na minha companhia em nenhum momento e me convenceram a ir para um camarote do Galo da Madrugada no sábado de carnaval. O tempo inteiro eu pensava o quão ridícula eu ia ficar de vestido num lugar como esse, mas como era camarote e a maioria dos meus amigos estaria reunida, deixei a ideia fluir, afinal, só sairia 1 dia no carnaval inteiro.

     A verdade é que se o ingresso não tivesse sido tão caro, muito provavelmente teria desistido na última hora.  Mas fui e na primeira hora não poderia ter me sentido pior, tipo um orc numa festa de hobbits (se é que tem algum nerd viciado em Senhor dos Anéis aqui). Sabe quando você acha que tá todo mundo olhando para você e falando de você?? É um inferno, mas à medida que ia me acostumando com a festa e ficando mais confortável, fui racionalizando que eu não sou uma aberração tão grande ou mesmo que as pessoas não iam perder seu tempo falando de mim em pleno carnaval regado a festa open bar.

     Não me senti uma princesa em nenhum momento da festa, claro. Mas princesas não brincam carnaval do alto de suas torres solitárias!! E pouquinho a pouquinho, comecei a, de fato, curtir minha festa.  Dancei tanto, cantei tanto e brinquei tanto, que posso até afirmar que saí de lá um pouquinho mais magra e um tanto vermelha (protetor solar, onde estava você quando eu derretia??). Saí de lá muuuito feliz.
   
     Tão feliz que os mesmos amigos me convenceram a ir para Olinda e também para o Recife Antigo. E o carnaval de 1 dia, virou carnaval de só 1 dia de descanso!! No começo, foi o mesmo processo de preocupação e negação, mas quando eu me ambientalizava, parava de pensar nas minhas loucuras e aproveitava meus amigos, o clima de carnaval, as músicas, etc.

     E essa é a história do meu tão feliz quase-não-carnaval.Sim, vez ou outra batia a paranoia, como esperado, mas aí eu entrava num círculo formado pelos meus amigos e no meio deles, ali, bem ali com tanta gente magra de shorts curtos e pernas duras ao redor, eu me sentia perfeita.