domingo, 17 de fevereiro de 2013

Da série o divã da gord"inha": a síndrome do provador.

     Que atire a primeira pedra quem nunca congelou ao entrar num provador na loja de roupas. Eu simplesmente tenho pânico daquela "sala" normalmente retangular, de corredor longo, completamente espelhada. É como se um monte de verdade inconveniente estivesse prestes a ser vomitada na sua cara.

     A verdade é que eu não consigo entender a lógica do provador. Parece-me que eles querem que a pessoa se sinta um lixo ou um cão chupando uma manga, só pode. Assim que você entra no cubículo escolhido (eu geralmente entro naquele último do canto para que ninguém passe e dê uma espiada pela brechinha da cortina, que por sinal, seeempre é menor do que a abertura), dá de cara com, no mínimo, dois espelhos milimetricamente angulados para te expor o seu pior. Pooooxa (*&¨$$%#), você sabe que tá gorda, sabe que a situação tá ruim, mas ali, você vê que o buraco ainda é mais embaixo. As pessoas descobrem celulites e dobrinhas em lugares não antes imaginados, sem drama.

     E não é só pelas gordurinhas que a auto-estima, ou no meu caso, a falta dela, é posta em prova. A iluminação daquele mini-ambiente desconfigura o rosto de qualquer pessoa. Quem tem cravinhos, enxerga crateras na cara e eu não quero nem pensar no que se passa na cabeça de pessoas com maiores problemas dermatológicos. O frizz do cabelo é exaltado, você vê como está corcunda, o cabelinho nascendo da sobrancelha parece que tem 3 metros e por aí vai. Mulher sabe do que eu tô falando.

     O engraçado é o contraste da realidade chocante com a frequente falsa afirmação da vendedora que tá tudo lindo e que você fica bem em tudo. Como tudo fica lindo, ela se empolga e não para de trazer novos modelos que não tem absolutamente nada a ver com aqueles que você inicialmente levou para o provador. Aí vem o calor após tantas trocas de roupa e entre isso e a impaciência, está a vergonha de ter que sair dali e procurar aprovação de quem quer que esteja com você.

     Tudo isso para que, na maioria das vezes, a pessoa saia da loja sem nenhuma sacola. Acho que tenho um pouco de inveja de quem entra feliz e sai mais feliz ainda. No meu caso, como vocês devem imaginar, isso nunca acontece. E eu adoro fantasiar que quando estiver magra tudo isso vai mudar. Quando eu chegar lá, conto a vocês. Enquanto isso, vou tendo que enfrentar meu pavor dessa pequena câmara de tortura psicológica.

     Beijinhos e até a próxima! :)


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